Última actualização em 27 Dezembro, 2019 by Carlos Pais
Saber o valor da empresa
É sem dúvida uma questão que preocupa a maioria dos empresários. Além de ser uma questão difícil de responder de forma exacta, a própria resposta já sofre alguma subjectividade, dado o valor das coisas variar consoante o interesse de quem as avalia.
O cálculo do valor da empresa
Não se deve resumir apenas a uma avaliação estática ou ao valor patrimonial, também devem ser considerados outros factores como: o sector de mercado onde a empresa actua, que tipo de clientes pertencem à carteira, conjuntura macro económica, mercado geográfico, grau de concorrência, leis e regras fiscais do sector, crescimento e potencial de crescimento, entre outras.
Vou fazer uma abordagem ao método que utilizo para chegar ao valor da empresa. Começando pelo Valor Patrimonial da Empresa, deverá ser feita uma análise ao BALANÇO e à informação que consta no ANEXO.
Levantamento e quantificação de todos os activos da empresa
- contas a receber de clientes,
- dinheiro e depósitos em contas bancárias,
- existências,
- bens móveis e imóveis do activo,
- e verificar se de facto o valor contabilístico corresponde ao valor de mercado,
- fazer ajustamentos nos casos que o valor contabilístico diverge do valor de mercado;
- empréstimos bancários e outro tipo de financiamentos,
- fazer o levantamento e quantificação de todos os passivos da empresa tais como dívidas a fornecedores,
- dívidas ao estado, funcionários, e outras rubricas do passivo,
- fazer ajustamentos nos casos em que o valor contabilístico diverge do valor de mercado.
Depois de identificar todos os activos e passivos devidamente ajustados, chegamos ao valor patrimonial da empresa.
No entanto o valor da empresa não se limita ao valor contabilístico. Outros factores deverão ser considerados para aferição do valor da empresa, como a capacidade de gerar valor, e activos intangíveis, como marcas, carteira de clientes, patentes…
Como saber o Valor da Carteira de Clientes ?
Analisar o grau de fidelização é importante para chegarmos ao valor quantitativo da carteira de clientes. Um cliente que comprou pela primeira vez à um mês atrás, tem valor diferente de um cliente que compra à 3 anos de forma sistemática, onde já existe um grau de confiança e uma relação duradoura entre cliente e fornecedor.
O grau de envolvimento e o peso/representação que o cliente tem nas vendas totais da empresa também define o seu valor. Um cliente que representa 15% de vendas tem mais valor que um cliente representa 2% das vendas, de igual forma um cliente que compre 100 u.m. mas tenha um potencial para 1000 u.m. tem mais valor do que um cliente que compre 100 u.m. que é o seu potencial máximo.
O valor do cliente é apurado com a análise a diversas variáveis e não só a um indicador.
Como quantificamos o valor individual de cada cliente?
Poderão ser utilizadas diversos métodos, dependendo de quem está a realizar a avaliação, levantando a questão da subjectividade.
Mas um método bastante aceitável, é identificar os clientes que compram à mais de 2 anos, e saber exactamente qual o lucro que cada cliente traz para a empresa. Então é apurado o Valor das vendas por cliente, o custo das mercadorias/bens, os custos fixos, os custos variáveis, e custos de estrutura/contexto, chegamos ao valor do lucro que cada cliente dá à empresa.
O método dos clientes que compram à mais de 2 anos*, é o tempo que permite consolidar a relação comercial, e o valor encontrado é o que se aproxima mais da realidade. Os restantes clientes tem valor, no entanto é um valor potencial.
Saber o valor da empresa interessa de igual forma ao empresário como também a potenciais investidores. O cálculo do valor patrimonial com o valor da carteira de clientes, dá-nos um valor da empresa, não sendo o único modelo, haverá com certeza outros métodos com análises de outras variáveis e até objectivos para chegar ao valor da empresa.
*Pode ser revisto, dependendo do sector/mercado.